A estátua mora nos confins do mundo
Tomando forma em qualquer um de nos
Destrói o brilho ruminando à vista
- Ela é eterna e nós seremos pó

De cada beijo e abraço não dado
De cada mágoa, uma cicatriz
Essa tristeza vai ganhando formas
Despercebida, até criar raiz

Já não se sabe onde nasceu, a estátua
Sai desvairada pra viver no breu
Os recomeços vão ficando gastos
Como se fosse mais forte que Deus

Não são bandeiras nem sequer riqueza
A estátua mira o grão de cada olhar
Vai remoendo cada pensamento
Entristecendo o tempo e o lugar

Não tem carinhos por viver dos medos
Vestindo a pele de cordeiro em si
Lá vai a estátua a devorar caminhos
Porque precisa não te ver sorrir

Já não procura a liberdade, a estátua
Seu sentimento não dá pra matar
Mas ela deixa rastros pelo mundo
- Que só o amor consegue lhe curar!