Dia da Colheita

Florescendo maçãs e as pêras
Uma névoa fina pelo mar
Sob a margem a jovem camponesa
Escondida, olhando para o mar

Ouviu, dali o som da cachoeira
que carrega as cinzas pelo ar
do amor perdido pela guerra
suas cartas não vão mais chegar.

Viu também o sol, um acalanto
Fez do chão, as rosas germinar
Fez daquela jovem camponesa
Guerrilheira, pronta pra lutar

Com sementes, brota pela terra
Sua primavera pessoal
No seu povo viu um acalanto
A rosa morta foi desabrochando

Nas sementes, sem fertilizante
Seu buquê de rosas viu nascer
Nas suas mãos viu o sangue derramado
Dos espinhos não pode esquecer

Viu o sol se pôr no horizonte
Fez do chão o seu novo lar
Uma vez aquela jovem camponesa
Guerrilheira, morta por lutar

Morta em vida, travou-se uma guerra
Pelo corpo que ia germinar
Uma rosa revolucionária
Uma guerrilheira antiquária

E começou assim uma colheita
A primavera há de chegar
De outras jovens nasce a camponesa
Germinando as rosas pelo ar

Florescendo maçãs e as pêras
Uma névoa fina pelo mar
Sob a margem a jovem camponesa
Escondida, olhando para o mar