Queima de Estoque - Jokenpô, Ep. 02 is a song in Portuguese
Se acham tão singular, vim por uma vírgula
Nunca te vi colar, cês veio figurar?
Ouvi teu single lá, no meio já quis pular
Não vai ser imitando gringo que tu vira titular
Seria triste se não fosse tão cômico
Nego insiste no vazio e diz ser randômico
Quer ser hit sem ritmo, um shit legítimo
Só vive atrás de joínha, cês são Cagome, tru?
E eu não tenho medo de falador
Esses otário de som manjado que brinca de amor
RAP é livre, mas não sou quem comunica caô
Cês não me compra que eu rimo até nos meus beat amador
Fica a dica, falou? Enquanto tão quieta nós tá
Fazendo nosso barulho pra não deixar a meta morta
Aqui tu sai da beta ou aborta
Precisei dar essa cutucada, mas já vim com o pé na porta
Dizem que meu coração é vermelho, mas é azul
Acham que tenho dois olhos, mas são dez
Meus pés calejando enquanto meu corpo almeja só prazer
Que se cansa
Interligado a tudo o universo fala
Enquanto o ser humano é mudo eu mudo e desmudo
E me repenso no ontem pra não me pegar em anteontem
E cenas se repetem em ações, me vejo diferente
Rasteiras são as soluções
Se não vistas assim, virão prisões e subconsciente
Domado e programado ao inverso
Amar ao palpável e não se fala de universo
Deus, qual é o seu? Já ouvi deus de um ateu
Ama o amor, diz que ele não morreu
Falando tudo de novo, palavras martela junto
Jogo pra fora e ainda subo em cima delas
Vamos ver que bicho dá, porque meu nicho tá
Recusando lixo como habitat pra adaptar
No pós apocalíptico, me pedi licor
Anestesio o sináptico que abdicou
Se o mundo para de rodar, a gente que roda
A vida é feita pra rondar, a mente que é foda
Por isso venho protestar, a gente dá corda
O estado vem matar, é o agente que poda
E eu me sinto em Mad Max, treta, gasolina
Só me resta fazer raps, letra, caso rima
Acendo um cigarro pra aliviar a tensão
Vocês tão camuflado mas eu vejo a intenção
Então me prenda no pinel se não eu vou queimar pneu
Que se foda coronel, não vem tirar um couro meu
Conhece a bendita dura, amostra da ditadura
Uma ação maldita pura não censura o meu papel
Eu não entendo aqui dentro, acho que ninguém compreende
Qual é o sentido de sentir coisas que nem a gente entende
Aprisionado na minha mente, à minha volta geral mente
Eu tô com minha alma presa e eu não falo de correntes
Tem quem quer te ver contente, mas nunca melhor que eles
Tem quem quer te ver doente, só que doentes são eles
Quanto mais entendo o mundo mais triste eu fico
E quanto mais você trabalha mais seu patrão fica rico
E de lutar não abdico, 10 nas costas tipo Zico
Mas não é de futebol, carrego mais de dez mil quilos
O peso da minha cor, o preço do meu temor
Rap faço por amor, nem sei se vale a dor
Não me vendo, não me rendo, nem sequer me compreendo
Então vai vendo, tô vivendo tudo lento no momento
Com minha alma exposta e tocada pelo relento
Bolacha versus biscoito não passa de passatempo
E o tempo tá passando, nosso povo tá morrendo
Nosso povo tá matando, tá tudo acontecendo
Assino o laudo, sonho alto, mas sempre com o pé no asfalto
Não vim da leste mas se for preciso eu morro rimando no palco.