Tudo o que é abjeto tem um preço
Tudo o que é concreto tem um prazo
Vamos pros cinquenta anos em cinco
Vamos barganhando o atraso
Vamos para os caubóis e índios
Vamos pros mocinhos e bandidos
Vamos pras colunas e os arcos
Marcos do que foi desconstruído
Se tu me disseres com quem anda
Digo quem tu és na mesma hora
Sei que tens andado com fantasmas
Cuida que eles nunca vão embora.

Um passo,
Dois passos
Depois daquele abraço alguma porta se abriu
Faz frio, faz frio
É um verão que passa e o que tempo algum devolve
Eu ouvi que lá vem o sol
Sobre as pirâmides
Eu olho pra janela e ainda chove.

Uma em dez, em vinte, em cem, em mil
Como você viu,
Não importam novecentas e noventa nove
O que faz falta é tela
Sobre as pirâmides
Eu olho pra janela e ainda chove.

No vidro, as gotas são bonitas
Parecem infinitas
lembrando do começo
Nem tudo tinha um preço
E hoje, hoje o ponteiro não se move
E hoje eu acho graça
Do tempo que não passa
Sobre as pirâmides
ainda chove.