A vida trança seus tentos de um jeito misterioso

E o mal que se apresenta, por vezes, é silencioso…

Eu, que tinha a rédea do tempo parelha e bem sujeita

Descobri, nas provas da alma, do que a dor é feita!


O câncer que toma o corpo solta a alma pro campo

E o sonho desencilha, soltando as garras num canto…

Parece que ali, na frente, está o fim da invernada

Mas ergo o olhar contra o sol além da curva da estrada!


MINHA LINDA, QUE TEM ME FEITO O COSTADO

NOSSA PEQUENA, QUE CRESCE AO NOSSO LADO

A VOCÊS, MINHA PRECE, PENSAMENTO, TUDO QUE SOU

E PRA VIDA, TODO TEMPO E PRESENÇA QUE RESTOU!


RECOBRO ESPERANÇA E VONTADE PRA VIVER

QUE DEUS ME PERMITA VER MINHA FILHA CRESCER

E, POR NÓS, BEM AQUI, NESTA HORA, ESTOU POR INTEIRO

NA JORNADA SIGO ADIANTE, SINCERO E VERDADEIRO!


Na quietude de um mate, eu bebo todo silêncio

Em cada gole, um afago, para as coisas que penso…

Entre bordões e cantigas, ando assim, mais devagar

Que a arte trouxe convívio e gente para abraçar!


Curado, no corpo, eu sigo, com alma ainda mais leve

Vi que a existência é uma lida bonita, intensa e tão breve

Mas não se pode deixar que a dor nos baixe a mirada

Porque o milagre já renasce além da curva da estrada!