Quem viu o sol nascer, antes do alvorecer,
E se encantou com a lua, com pele toda nua.
Telhados de estrelas, almas negras sobre a mesa,
Hienas são burguesas, leões viraram presas.

Na ponta do ferro a brasa marca o braço,
como animais cada um vai para o seu pasto,
pedaços de terra que hoje lhe foi dado,
depois das eleições lhes será tirado.

Olhei pro céu e vi uma BRECHA NO TELHADO,
Por onde passa o sol a chuva também causa estragos
Crianças, mulheres, dentro de um barraco,
De portas fechadas morrem soterrados.

Por isso o sal diário do um trabalhador,
não paga o almoço de um governador,
Por isso a mãe preta fala para o filho preto,
que preto favelado, jamais será doutor.

Bate bate bate, bate o sino pequenino,
Uma bala perdida acertou mais um negrinho,
mais um nas estatíscas que não contou com a sorte,
Por que bala perdida só encontra NEGO POBRE,

Dim dim dom, hora da diversão,
entrar numa favela, espalhar corpo no chão,
veja a receita, isso é padrão, Gás lacrimogeneo e um cidadão,
Desce lhe o cacete no fundo do camburão,
QUARENTA MINUTOS AGONIZA ATÉ MORRER, MANCHTE DE INTERNET PRA TODO MUNDO VER.

Quem viu o sol nascer, antes do alvorecer,
E se encantou com a lua, com pele toda nua.
Telhados de estrelas, almas negras sobre a mesa,
Hienas são burguesas, leões viraram presas.