INTRODUÇÃO:

É que toda criança quer ter um super poder
Uns; saber voar igual super homem
Outros; ter a super força igual a do senhor incrível
Eu cresci e vi vários manos meus morrer, é por que hoje eu

VERSO 1

É que eu queria ter o poder de esquivar das Blazers
Ou ser á prova de balas tipo Luke Cage

Eu não ia ter medo do fardado enquanto passa
A mando de um burguês safado que me vê como ameaça

O estado é o responsável do encarceramento em massa
E lá dentro quantos dos nossos dos 29 não passa?

Então não faça
De contas que isso tudo é por acaso, mano
Tirar tantas vidas negras em um país racista
É um plano

E 82 jovens por dia comprovam oque eu to falando
Mas como o alvo ambulante é sempre o homem de cor

Massacres e chacinas continuam nos matando
E na TV o falso discurso de que já nos aceitou

Bandido mata polícia e os cana mata morador
Quem lucra com tudo isso manda em multinacional
Tem a mente tão doente quanto Hitler
Patrocina o genocídio, compra rifles e parafal

Já que o tráfico de armas aqui nunca lucrou tanto
Pra dividir meu povo trouxeram drogas sintéticas
Do que postos de saúde, as abordagens são tão rudes e quase sempre antiéticas

REFRÃO 2X
Do Harlem ao Brooklin
Da baixada até a ZN
A atitude da PM acontece igual
Eles miram em nossos corpos, implantam no nosso bolso e põe legítima defesa no inquérito policial

VERSO 2

Foram 111 tiros lá em Costa Barros
Mais 111 mortos no Carandiru
E oque lava as ruas é o tom vermelho
Já que isso não incomoda quem tem sangue azul

Lá na sacada assistindo made-in Zona Sul
Pobre só serve pra limpar porque eles nos detestam
Na minha área nosso meio de entretenimento
É ir pro baile empinar moto e fazer oque não presta

Mas rap é carta de alforria e eu vim por meio desta
Tentar narrar e enfeitar um pouco a realidade
A vida é um jogo mas meus manos morrem de verdade
E nas paredes lá do Morro eu só vejo “saudade”

Pros heróis de pele escura a meta é liberdade
Os meus não foram de overdose
Foram executados
A escravidão já acabou mas a minha carne arde
Pois o chicote ainda estala contra os favelados

E se a justiça não é cega
É daltônica, por isso sempre ver o culpado na cor errada
Levando meus irmãos ao tronco, seria cômico
Eles saberem que o culpado é branco e usa gravata

Mas a justiça é tão racista, é controlada
Por isso meus heróis lutaram por um mundo novo
Quem dera serem negros á prova de balas
Sem usar capa ainda estariam aqui pelo povo.