Minhas certezas devem estar num esconderijo
Olho pra dentro e já não sei mais o que vejo
Me vem a cobrança preciso ser corajoso
E ir atrás de tudo aquilo que eu almejo
E no passado eu vejo o tanto que eu andei
E pro futuro será que eu ainda vou ter perna
O fim do túnel tá escuro e eu preocupado
E o ditado virou me mira, mas não me erra
Os fantasmas da minha mente tem voz
Nessas horas me lembro do rosto dela
E aí eu perpetuo a prisão
E cavo um buraco aqui dentro dessa cela
A caverna de Platão é confortável
Quanto mais lúcido, mais maluco fico
É arriscado demais enxergar a verdade
Bird box, esse bagulho é infinito
Tira a venda não, um conselho
De tanto passar a visão, fica cego
Tira a venda não, um conselho
De tanto passar a visão ficou cego
Nós somos movidos por aquilo que amamos
Por isso tem tempo que eu não saio do lugar
Hachi sempre ao seu lado fiel te esperando
Pelo o que eu tô entendendo você nunca vai voltar
4 estações, nenhuma toca o que me agrada
E a terra segue girando, eu sigo a me tontear
Me sinto como uma biblioteca não lida
Tanto aqui dentro, mas ninguém quer escutar
Em nossa era digital
Ninguém usa suas digitais
O toque tá proíbido
Relaçoes são virtuais
Eles juram que é lançamento
Mas pra mim todos iguais
Em busca de casa nova
Mas nem sei se quero mais
Mas tira a venda não, um conselho
De tanto passar a visão fica cego
Tira venda não, um conselho
De tanto passar a visão, ficou cego
O silêncio que só eu escuto é ensurdecedor
As feridas tão abertas, mas já não causam mais dor
Eu aprendi a conviver com os demônios de elevador
Altos e baixos, a porta abre e não tem fim o corredor
Mas ainda fico com o brilho do olhar
Com o sorriso de uma criança inocente
Eu escolho persistir e acreditar
Na mudança e evolução dessa gente
Você quer ser? Você quer ter?
Afinal, me diz quem é você
Eu nasci onde tem gente morando na rua
E tem gente que tem dinheiro pra comprar aquela rua
Eu nasci no mesmo mundo que mulher tem medo porque sai de casa vestida
E é encontrada morta, abusada e nua
O mundo que escraviza e mata por causa de cor
O mundo que já tem pouco e mesmo assim proibe amor
Por que eu nasci nesse mundo?
A transa dos meus pais foi tipo ingresso falsificado
Como penetra, aqui ninguém me convidou
Mas mesmo assim eu entrei na festa deslocado
Sou um estranho, fico só observando
De canto eu vou bolando umas letras
Assinando, rasgando e jogando fora
O casulo nunca vira borboleta