A noite eu cimentei palavras
em gaiolas de concreto
apos tentar arquitetar o ceu:
algo que e infinito
sem base para sustentar
que supera nossos sentidos
e mesmo sem ter materia
se e visto, se torna um teto

sao varias faces e fases e passes pra
trazer voce ate aqui e
sao varios goles e macos e tragos
pra decidir que eu nao posso desistir

minha escrita acumula um cumulo de ironia
enquanto tumultuam um tumulo da minha ira
meu dinheiro faz dinheiro e ele faz mais dinheiro
por isso eu corro atras e nunca faco birra

sempre que eu tenho a caneta
eu nao tenho a letra
e sempre que eu tenho a letra
eu nao tenho a caneta
quando eu nao tenho razao
eu sempre tenho a treta e
quando eu tenho razao na caneta voces nao aguenta

ou eu enxergo mal
ou deus fez tudo embacado
ele e muito ocupado
nao cuida de malcriado
por isso eu vivo sozinho isso sim que e embacado: e engracado

eu escrevo pro ceu, pra dar ciume pro chao
e sempre vejo ele em negacao
mas sei que ele odeia perceber que ele me mantem em pe
mas e o ceu que ganha toda a atencao

O escritor sem historia
que chamou pra esse feat
pra fazer uma letra e entender que
existem escritores sem historias
e historias sem escritores pra escrever

Nao adianta ter odio das varias faces do ceu
A humanidade foi culpada por tudo que aconteceu
Se estilhacaram o espelho criando novas versoes
o que importa e que nova figura voce escolheu

em dias nublados como esse
me escondo entre nuvens enquanto o sol me aquece
mas como eu queria que vc aparecesse
te encontro no inferno esperando quem me esquece

eu tentei voar pra procurar
aquilo q eu tinha perdido
cheguei no ceu e nunca achei
aproveitei e dei um salve pra Icaro

icarai eitanois quanto anjo caido
eu esperando uma explicacao
pode ser do cao mas nao entendia
o porque de tudo isso

O, Deus, por que ce faz isso comigo?
eu sou casado e tenho um filho
to desempregado e vendendo milho
meses atras tava com o dedo no gatilho

O, Deus, por que ce faz isso comigo?
eu sou casado e tenho um filho
to desempregado e vendendo milho
meses atras tava com o dedo no gatilho

Nao adianta ter odio das varias faces do ceu
A humanidade foi culpada por tudo que aconteceu
Se estilhacaram o espelho criando novas versoes
o que importa e que nova figura voce escolheu

E no pais da muralha
transformam chuva em problema
e o ceu vira inimigo de quem nunca teve um quarto
Escorre o choro na rua de quem nunca foi culpado
nessa Cidade Bonita, que mais parece uma arena

Nao adianta ter odio das varias faces do ceu

Ja fui canoa no asfalto
um palhaco sem circo, um enterro
Hoje eu construo meus rios, contenho meu riso, escrevo
E minha e tipo um espelho estilhacado
formou varias figuras, num retrato eu fui formando um retrato

Dando uma nova construcao
e respondendo a todos que achavam do meu destino seu proprio refrao
Sua torre nao mais me bloqueia
Se o ceu e meu amigo
eu escrevo, ele chove, e te transforma areia

Nao adianta ter odio das varias faces do ceu