Findava um ano mais difícil do que os outros
O cobre era pouco e minguado no geral,
“Graças a Deus” por peão de campo eu garantia
E defendia a mesa farta pra o natal

Cruzando eu ia percorrendo o vão da estrada...
Rumo a morada pra folgar uma semana,
Tocando a diante dois consumos para ceia
E mala cheia pra o serviço da paisana;

Pelo caminho rente a grota de um “cerrito”
Vi um “ranchito” desprovido de cuidados
Um mulher que arrematava um xergão
Junto ao oitão com três piazitos no costado

Pelo cenário me dei conta que a pobreza
Naquela mesa ia sobrar mais do que o pão;
Porque a sorte neste mundo anda escassa
E às vezes passa de cruzada no rincão...

-Num “con permisso”... Me acheguei junto a cancela,
E o baixeiro é pra venda? -Perguntei na ocasião...
-Sim senhor. Me disse ela, qualquer “Dez pila” me ajuda,
Que a minha esperança eu tramei junto no xergão...

E palmeando o coração... Falei naquele momento:
-“Entonce bueno!” Espero pelo arremate, e vou levá-lo no más...
“Me quedo” aqui pela frente e mande um guri me entregar,
Que já lhe pago o serviço, e um “regalo” vou lhes dar...

Naquela imagem vi que a fome negaceava
E matreira sorrateava pela volta da morada,
“Lacrimejando” então lembrei de minha infância
Quando uma ânsia me deixou de alma atorada

Mas neste dia sei que deus me iluminou
E me mostrou um rumo certo pra seguir
...o tal xergão levei em troca de um capão
E o coração eu renovei para o porvir.

Pelo caminho rente a grota de um “cerrito”
Vi um “ranchito” desprovido de cuidados
Um mulher que arrematava um xergão
Junto ao oitão com três piazitos no costado

Pelo cenário me dei conta que a pobreza
Naquela mesa ia sobrar mais do que o pão;
Porque a sorte neste mundo anda escassa
E às vezes passa de cruzada no rincão...

Findava um ano mais difícil do que os outros ...