Amor além
(Péricles Garcia / Paulo Valle)

Meu Bem,
Bem sei que andas pensativa,
molhando a superfície dessa ferida
Mas há que esquecer a flor da dor,
regar a semente da despedida
Deixar um novo sorriso corar seu rosto,
sem motivo, sem medida
Juntar tudo que foi partido,
chegou a hora de apitar essa partida

Os passos da dança prepara,
a música nunca parou e não para
O mundo adentra o salão, toma sua mão,
e na valsa dispara
Num compasso que seja leve,
que a nenhum ritmo se compara
Pois não há que pensar na causa,
apenas na pausa que separa

O que fomos, ainda somos
Essa soma é o que você é agora
O ocaso se consome
Na acaso da aurora
Leve em ti a felicidade
Como leve foi outrora
Amor deve ser além
Amar sempre melhora

Veja, Bem…
As cores que pintamos,
encontramos na junção das diferenças
O preto e branco complementares,
formando nossas crenças
Mesmo enfrentando descrenças,
mesmo com as desavenças
Construímos nossa Roma,
como a palavra escrita às avessas

De tudo que ficou guardado,
são maiores os aprendizados
Que girassóis crescem nas lembranças
sem serem planejados
Que um dia pode ser clichê
ou mesmo dois dias de namorados
O que intacto foi deixado,
seu coração é quem joga os dados

O que fomos, ainda somos
Essa soma é o que você é agora
O ocaso se consome
Na acaso da aurora
Leve em ti a felicidade
Como leve foi outrora
Amor deve ser além
Amar sempre melhora

Sabe, Bem?
Entender que a força do atleta
diante da fragilidade da existência
Leva a temer que acima o teto
pode-se abrir ao céu, à imponência
Mas nem por isso a tristeza, meu bem,
deve impor essa influência
Pois a alegria, essa sim, enfim,
é a nossa maior potência!

Se me permite um pedido…
se cuide, continue seu caminho
Meus olhos levarão nossa luz
para que alguém não vá sozinho
Estou bem, na companhia do nosso padrinho Serginho.
Quero muito que fique bem também.
Com todo meu carinho, um beijo, Binho.