Vinha a lua lá do serro, despontando da trincheira,
Pois a noite era de ronda, num rincão lá da fronteira.
Recolhi da parceria, um pedido de encomenda,
Serrei pernas no tordilho, pra buscar ´´cãnha`` na venda.

Ao chegar no meu tordilho, ´´apeiei`` tinindo espora.
Num olhar de relancina, já vi três a meia cola.
Coloreava pela chama, um candeeiro fumacento,
Ajeitei a minha a´daga, e entrei bodega a dentro.

Ao chegar naquela aguada, fui pedindo uma cachaça.
Um indiato pacholento, se agrandou por uma graça.
´´ Pra xiru que arrasta espora, aqui ´´demo`` de planchaço,
E ´´larguemo`` estrada-fora, de lombo riscado a laço``.

Respondi a pataqüada, num jeitão da moda antiga.
´´Já surrei um lobisomem, mas não bato em rapariga``.
Já me veio um melenudo, como touro descornado,
Carreguei floreando a´daga, e ficou já dois cortado.

Fui ganhando porta-fora, escorando manotaço,
Vinha um bugre numa carga, me errando faconasso.
Rebusquei ele na a´daga, no calor do ferro branco,
E a tristeza vi no rosto, que ao rodar ficou lunanco.

De vereda e sem demora, tive em cima do tordilho,
Me larguei a galopito, refazendo o mesmo trilho.
Foi por culpa das esporas, que meu trago não tomei,
Voltei seco pra minha ronda, inda quase que apanhei.