Crespos, lisos ou encaracolados
Com milhares de cores cintilantes
Flamejantes, cantantes, retumbantes
Na nobreza do palco ensolarado
Pelas mãos do divino perfumados
Exalando graúda simpatia
Boniteza derrama fidalguia
Na corrente incessante dessa festa
Veja como é bonito a ventania
Penteando os cabelos da floresta.

Angelim, jatobá, maçaranduba
Cabeleiras de grande realeza
Palmeirais também com sua beleza
Anajá, babaçu e carnaúba
Sapucaia, imburana e Embaúba
Balançando também a ramaria
Natureza eterna moradia
Essa mãe tão sublime e tão modesta
Veja como é bonito a ventania
Penteando os cabelos da floresta.

Homens de consciência vulnerável
De ganância voraz e inclemente
Ignoram a forma coerente
De viver de maneira sustentável
Explorando de forma responsável
Preservando e ouvindo a melodia
Que esta mata executa todo dia
Convidando quem cala e quem contesta
Veja como é bonito a ventania
Penteando os cabelos da floresta.

Uma arara que voa solitária
Solta um grito no céu triste e ferino
Amargar solidão é seu destino
Pois a mente do homem é arbitrária
Interrompe de forma tão sumária
Um balé de infinita harmonia
Seu parceiro se vivo lhe diria
Contemplando a beleza que ainda resta
Veja como é bonito a ventania