O que não me matou, não me fez mais forte
Escuro continua a me amedrontar
Primeiro maior medo ainda é a morte

E a sua vontade de me apagar

O que não me matou, não me fez mais forte
Suas palavras ainda apertam a minha garganta
Nunca acreditei no que chama de sorte
Nem na aura pura de sua alma santa

O que não me matou, não me fez mais forte
Sua gargalhada frouxa não mudou de alvo
O roxo em minha coxa foi além do esporte
Meia amizade não me trouxe a salvo

O que não me matou, não me fez mais forte
Mas o afago da minha mãe em meu cabelo fez
Amizade inteira sempre aponta ao norte
Amor próprio, auge da minha lucidez

O que não me matou, tem me matado aos poucos
E aos poucos acho força pra me levantar
Mesmo quando chama os mais sãos de loucos
Não desistindo da loucura de me comparar

O que não me matou, não me fez mais forte
E essa sempre foi a sua intenção
Mas forte também é a outra mão que bate
E a alta voz que encerra toda a discussão

O que me fez mais forte me melhora aos poucos
Dor de garganta, coxa e de coração
E mãe, amigo e todos os chamados loucos
Dão-se as mãos e gritam até ficarem roucos

Que vale mais minha luz que a sua escuridão