Diga, meu bem, sem demora,
Das dores que traz esse olhar.
Onde repousa a força do vento
A te derramar?

Conta o segredo, morena,
Dos olhos de além-mar
Revela uma flor na tormenta
Numa dança circular.

Abra-se ao vento, pequena
Mas volte pra me contar
Quantos mapas não sabem dizer
O que é seu e o que é do mar
Qual vai se navegar?

Foge do corpo, serena,
Entregue-se ao furacão
Caso procure, as coisas mais certas
Não vêm do chão

Bebe essa chuva, sem pena,
Morena, que embaça a visão
Seca o teu rosto de lama
No leito da minha mão

Abra essa boca, morena,
Que hoje eu quero beijar
As estrelas que guiam você
Bem no fundo do teu cantar
A te desgovernar.