[Verso 1]
Escalonando sobre tubos e canais fluviais
Vem escorrendo entre dutos trazendo digitais
Cartão postal, a capital, uma cidade maldita
Onde mortais correm atrás de grana enquanto cruzam avenidas

Oito milhas, nove milhas, muito longe da vista
Onde habita a esperança de quem ainda acredita
Levam sonhos, como armas levam em um sopro uma vida
Essa cidade de mentiras, verdades não ditas

Tempos breves, pelos crescem
Mudam as proporções
Mais distritos, novos prédios
Outras jurisdições
Entre mansões, pavilhões, trens cruzando еstações
Alguns pombos no poleiro traficam informações

Essa cidadе que tem prédios onde o céu faz a curva
Encontre o brilho das estrelas, toque as costas com a nuca
Quem procura por justiça trás no bolso uma lupa
E o gole de cerveja tem um amargo de culpa

[refrao]
Essa cidade de mentiras (cidade de mentiras)
Verão, inverno, dentro de uma mochila
Essa cidade de mentiras, (cidade de mentiras)
São Paulo uma mão leve no bolso de quem cochila
[verso 2]
De várias idades, cruzando a cidade
Milhares de rostos, de cores, contrastes
Os carros, a margem, o cheiro, frenagem
Entre os corredores, o retrato, uma imagem
Alguns bebem e dançam sob seu feitiço
Outros que não descansam, tipo um baque, um vício
Dedico a quem não alcança sei como é difícil
São Paulo corda bamba sobre um precipício

É tenso, andando pelo centro eu sempre penso
No tempo, quanta história guarda um endereço
Um bocejo, tropeço, o sexo, um preço
O ódio, o apreço, um estranho desejo

Esse lugar não guarda um fim, é só um novo começo
Esse lugar não guarda um fim, é só um novo começo

[refrao]