APERTANDO O PASSO

Quando a gente vai embora,
é porque, no peito, aflora
uma ânsia de horizontes.
Não é preciso de escolta
pra uma alma que se solta
a buscar outros repontes.

Com motivos de partir,
crê melhor o seu porvir
gasta um pouco da essência.
Sua alma chora por dentro
quando lhe falta o alento
que só existe na querência.

Hoje ele aperta o passo
para buscar um abraço
dos que deixou pra trás.
Quem se vai de seu lugar,
para mais poder ganhar,
descobre que perdeu mais.

O coração então se abate.
Lhe falta a roda de mate
e um proseio de galpão.
A luz de cada manhã
Traz no pó do picumã,
tisnas de dor e solidão.

Em sua carência de monge,
ouve uma copla de longe.
Ecoando em tom dolente.
A saudade não se doma
e, se no peito ela assoma,
encharca os olhos da gente.