Uma dose de morfina entrou no meu corpo
E entre o sono e a vigília
Passava pela minha mente
Minha família e todos os meus entes queridos
O trabalho e o sacrifício
Que me levaram a ser o chefe
Com minhas águias de ferro
Eu os enchia por toneladas
Da Colômbia para o exterior
Eu fui amigo do meu povo
Máximo dos cartéis
O grande Senhor Dos Céus

Fiz negócio com os verdadeiros sócios
Tornei-me traficante de drogas
E chefe do Cartel de Juarez
Fiz rotas por onde o ar corria
Também trafiquei em grande escala
Em aviões comerciais
Todo um chefe sinaloense
Eu colocava quatro ou cinco vezes
Muito mais pó do que outros
Não se movia um único grama
Sem me consultar
Ninguém se mandava sozinho

Tornei-me amigo dos duros do governo
Na minha folha de pagamento estavam
Generais de alta influência
O negócio me deu bastante lucro
Que me alcançava e sobrava
Para pagar a dívida externa
A DEA começou a me procurar
Sem ter a mínima ideia
De onde eu estava metido
Embora os gringos se aliaram
Ao governo de Zedillo
Nunca puderam comigo

Com minha frota de Boeing 727
Meus aviões para o frete
Controlei o tráfego aéreo
Fui principal fornecedor deste mercado
Tornei-me o rei do ouro branco
Ganhei poder e respeito
Fiz um mundo de dinheiro
Lá por Brasil e Cuba
Deixei belas lembranças
Meus colegas argentinos
Os chilenos e europeus
Foram parte do meu reino

Meus inícios foram com meu tio Fonseca
Cuidava de um armazém
Lá por Guadalajara
Uma doença me tirou da escola
Atingido pela pobreza
Parei de ordenhar as vacas
Uma vida de mistério
Tornei-me o número um
O grande Senhor Dos Céus
Nunca tive governo
Pode ser que esta operação
Seja o plano perfeito

Na vida me rodeei de amigos leais
E tentei ser amável
Com aqueles que não foram
Agora espero cantar vitória novamente
E o resto será história
A injeção já não fez efeito
Sinto um pressentimento
Vou começar outro voo
Talvez eu nunca volte
Vou me perder nos céus
Sem deixar rastro algum
Caso eles me procurem novamente

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