De repente, abro os olhos e acordo, não sei bem porquê
Dormi pouco mais de três horas e agora aqui estou
Poderia levantar-me e arrastar-me para a cozinha, quem sabe o que há na geladeira
Poderia reunir coragem e acordar-te, conversar contigo
Contigo sobre o quê, mas não
Melhor se continuares a dormir, não venhas aqui
O teu sono vale mais do que uma respiração, mantém-me vivo também
Também eu, mesmo que eu saiba, vai passar
Como passa um sábado
Adormecerei
Sem mais medo, mas agora

Olho para dentro de mim ou talvez não
Quão burguês é tudo isso, sinto um pouco de vergonha
Não sei mais como estou, quem vai ganhar
Nem como estava quando a mãe deixou o pai
O que está enterrado em mim retorna
Esperamos que surja alguma boa memória
Quando te conheci, e quem sabe
Nem me lembro de quando me deste o número

Ouço um barulho, o que é?
É o caminhão do lixo
É a banca de jornal lá embaixo que está abrindo
É alguém que já está indo trabalhar
É a grande máquina que começa novamente em cada cidade
Para produzir para o bem de quem, logo será a minha vez
E o que eu faço? Não estou pronto

Fechei os olhos exatamente como tu
Até imitei a tua respiração
Talvez eu lamente o que não tenho mais
Ou o homem que nunca fui
Vai passar
Como passa um sábado
Adormecerei
Sem mais medo de nada

Olho para dentro de mim ou talvez não
Quão burguês é tudo isso, sinto um pouco de vergonha
Não sei mais como estou, quem vai ganhar
Nem como estava quando a mãe deixou o pai
O que está enterrado em mim retorna
Esperamos que surja alguma boa memória
Quando te conheci, e quem sabe
Nem me lembro de quando me deste o número

De repente, fecho os olhos e é o amanhecer, mas está tudo bem
Mesmo que tenha que acordar em breve, adormeço e

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