Quando o/a Preto/a se Destaca


Vim de baixo, vim da lama, não tive ouro/

Faz muito tempo que deixei de ser calouro/

Na vida, não é pagação, tá certo, drão?!/

Só sei que é muita treta que pega nesse mundão/

São muitas barreiras pra gente não conseguir/

Colocam na sua cabeça que temos que desistir/

Na verdade, nem tentar, que temos que aceitar/

A pobreza de um lado, pro outro poder ganhar/

No caso brasileiro, a gente sabe como é/

Como o povo da perifa, luta pra ficar de pé/

Como a cor da pele é motivo de segregação/

E que a falta de ação fortalece a omissão/

Dos navios [negreiros] pra cá, muita coisa mudou/

Muita coisa acabou, mas muita coisa continua viva/

Mano, a gente vence, mas a luta não acaba/

Ham, principalmente, quando o preto se destaca/


Refrão: (2X)

Hum... Quando o preto se destaca/

Ham... Quando a preta se destaca/


Se destacar não é ser igual ao opressor/

É se unir pra superar o que causar dor/

É obter tudo aquilo, mano, que nos foi negado/

E dizer: “Sou Zumbi e Dandara”, tá ligado?!/

Veja, é tipo assim: a cobra e o vagalume/ (Hum...)

Nem todos gostam do mesmo perfume/ (Eh...)

Ciladas sociais por aí têm um monte/

A política é potável? Então, eu quero ver a fonte/

De casos isolados, a todos reunidos/

Ação afirmativa, hoje estamos munidos/

Tamo na luta diária, parceira, contra o racismo/

Questão de humanidade pra escapar desse abismo/

Construindo a minha ideia nessa letra, então, eu digo/

Todo jovem periférico se parece comigo/

Mina, a gente vence, mas a luta não acaba/

Ham, principalmente, quando a preta se destaca/


Refrão: (2X)

Hum... Quando o preto se destaca/

Ham... Quando a preta se destaca/