Mateando

Um pé de laranja doce, enfeita a frente do rancho
Na cancela um carancho, bombeia o terneiro novo
No dedilhar de guitarra cai a tarde na estância
E lembra desta distância, que no matear me comovo

O vento abana o pala, e ronca a bomba de alpaca
Pelego seca na estaca, e toca o rádio de pilha
Alma se agranda rimando, fazendo verso por verso
E nesse meu universo mateio vendo a tropinha


Mate amargo bem cevado, erva verde estrangeira
No costado da mangueira florece uma flor bonita
E na tropa da lembraça, pucha a ponta o teu olhar
E me ponho a guitarrear quando o coração palpita


É o que completa o campeiro, nesta vida de peão
O mate quente na mão, é o municio da alma
Flor de “yuyo” e maçanilha adoçam os pensamentos
Faz esquecer os lamentos, e perpetua a calma

É pouco o que se precisa, pra viver no fundo de campo
Mate e guitarra num canto, e um potro pra sofrenar
Más se vejo uma flor campeira, lembro teus olhos chinita
E já o peito palpita, então me ponho a guitarrear