Quando o sol apiá pra descansar
E a lua se alevanta pro alumeio
Na tocaia vejo uma onça urrar
Covardia e zagaia tão no meio

Mande vim os jagunço se ajuntá
Quando a lua no céu tiver no meio
É o sinal pra batalha começar
Barulhoso estrondo do tiroteio

Quando a luz faz clarão para matar
O estampido feroz cheirando a morte
Com as astúcias do sertão não se perece
Carece de armamento e muita sorte

Ê sertão
Deus pro homem deu a felicidade
O diabo cravou toda a inveja
No espinheiro sem fim dessa maldade

Se a vereda inveredá pelo sertão
O que vale é a travessia da vida
O real nunca tá lá na chegada
Mas porém também num tá lá na saída
É preciso sofrer por ter sofrido
E amar e amar por ter amado
O sussuro sem som que é lembrado
Do que nunca se pôde ter ouvido