Eu vi a terra tremer
Num grito áspero de dor
Eu vi a súplica do homem
Ah, eu vi o amor

Vi pessoas com fome, com sede
Se arrastando pelo chão
Mas também eu vi
Num mar de ganância
Naufrágios da nação

Vi batalhas sangrentas
Sem motivos, sem fim
Vi palavras valentes
Acalmarem motins

Ouvi trovões no céu
Mil leões a rugir
Vi num dia cinzento
Arco íris surgir

Eu vi grandes ideias
Semearem a paz
Eu vi oportunistas
Que sabiam demais

Vi apertos de mãos
Perdurarem uma vida
Eu vi juras de sangue
Se acabarem num dia

Ir além do que se vê
Fazer pra crer
Possibilidade de mudança na andança
Segue a dança

Transformação forma a ação
Construção do novo mundo aqui, redenção
A cada gesto solidário, revolução
Esperança além da perspectiva
Supera a estatística

Inspiração: Mandela, Dandara, Zumbi
Periferia vira centro, eu vi

Na voz do moleque que canta
Da narrativa que encanta
E a voz ativa que planta
E a violência suplanta
Onde a palavra alcança
Nossa voz não cansa

Punho cerrado chegado
Prevalecer o recado
Quem tá do lado um abraço
Por medo aqui não me calo
Não vai dormir sossegado
O baque aqui é pesado

Para cada verdade
Redenção
Para cada maldade
Oração
Para sinceridade
Compreensão
Para a lealdade
Gratidão