[""do correntão não escapa nada, nem mato, nem bicho""]

MATO QUEIMADO, BUGIO DEITADO
SELVA ARRANCADA A BALA E FACÃO
GRILO NA CAIXA, TRATOR, MOTOSSERRA
PILHAGEM, CHACINA, FUZIL, CORRENTÃO

QUEIMADAS SANGRANDO RAIZ E SEMENTE
SÃO CHICO EM CHAMAS AO SUL E AO NORTE
AS MARGENS DO VELHO SOLTANDO VENENO
A ROÇA DE BOI É A COLHEITA DA MORTE

[refrão]

O CORNO
QUE ABATE
OU COME
VITELA
NÃO SABE
O QUE CAUSA
NO MEIO
DA MATA

O SANGUE
QUE JORRA
DO MATO
REVELA
O QUANTO
DE MORTE
TEM UM
BOI PIRATA
[2x]

GUAMPA, CARCAÇA, CAVEIRA, OSSADA
OS HOMENS DE PRETO TOCANDO O TERROR
SOJA, PASTAGEM, CAPIM, FORRAGEIRA
NÃO PODE SOBRAR NENHUMA FLOR

BULLDOZER RASGANDO, CORTANTE ANGULADA
A MORTE TEM MÉTODO, É PROFISSIONAL
UM CONDENADO PASSANDO A BOIADA
NÃO PODE SOBRAR NENHUM ANIMAL

[refrão]

O CORNO
QUE ABATE
OU COME
VITELA
NÃO SABE
O QUE CAUSA
NO MEIO
DA MATA

O SANGUE
QUE JORRA
DO MATO
REVELA
O QUANTO
DE MORTE
TEM UM
BOI PIRATA
[2x]

[""Velho Chico/outrora Rio dos Currais/agoniza sob o peso/das patas bestiais""]

SERTÃO VIRA MAR, VIRA PÓ, VIRA SANGUE
CORONEL CANGACEIRO, LATIFÚNDIOS DE AR
GOIÁS AO RIO NEGRO, SENÕR MATANZA
UMA SACA DE SOJA, UM TIRO, UM HECTARE

TRIBOS ARDENDO DE FEBRE E DE FOGO
FAXINA DE GENTE, LIMPEZA DA TERRA
COLONOS EXPULSOS, CABOCLOS CAÇADOS
O AÇOUGUE DO BAIRRO É O FINAL DESSA GUERRA

O CORNO
QUE ABATE
OU COME
VITELA
NÃO SABE
O QUE CAUSA
NO MEIO
DA MATA

O SANGUE
QUE JORRA
DO MATO
REVELA
O QUANTO
DE MORTE
TEM UM
BOI PIRATA
[2x]