O grilo oreado de lua pajava à noite, solito
Foi morrer quando clareava no bico de um canarito.
Pilchou-se em penas de ouro e trouxe aos pássaros rimas
Profundas como a lonjura das estrelas céu acima

No galho da laranjeira, contou ao pé da vertente...
Deram laranjas na feira quais luas cheias nascentes.
A sanga foi murmurando, o rio levou em sua veia
E as ondas do oceano riscaram poemas na areia

No espelho do mar imenso, a lua, pálida e feia
Viu-se bonita nos versos cantados pelas sereias
Iluminou-se vaidosa e, com mão que não se vê
Em tormenta caudalosa ergueu aos céus a maré

Pra toda a pergunta feita o silencio, mestre sábio,
Tem a resposta perfeita aprisionada nos lábios
Quem diz que lua não chora é limitado pro amor
Todo o luar se demora pro canto de um pajador

'Aqui me pongo a cantar
Al compás del grillo de oro,
El que un dia lo viá todo
Por el iris de cielo oscuro.

Fecundo la luna llena
Con la muerte matinal
Y vió nacer en su retina
Una lágrima sideral''