Fiandeira Cirandeira

Mãos de fiandeira
Pétalas de giz
Memórias de afresco
A vida por um triz

No avesso da algibeira
Alinhavar-se ao vis
Moldar em arabesco
A outrora cicatriz

Molduras de areia
Nas quais me rarefiz
O sopro do destino
badernando a retriz

Cerzindo pela beira
Filigrana perdiz
Paisagens abismais
No cume da raiz

Para aprender a desaprender
Desatar o nó e ser
Para aprender a desaprender
Confiar

São dourados os fios dessa tecitura
Sagrada
São dourados os fios dessa tecitura
Profana
São dourados os fios dessa tecitura humana
Humana

Pés de cirandeira
Dança e raiz
Buscar no paradoxo
Uma outra bissetriz

Perder na brincadeira
A prudencia motriz
Adulta limitada
Sistêmica e ardis

De lua ser poeira
Ponta de flecha diretriz
As flores no percurso
Colorindo a matiz

Labuta rotineira
Função que contradiz
Inventar o sentido
Da jornada que perfiz

Para aprender a desaprender
Rebentar-se florescer
Para aprender a desaprender
Confiar

São dourados os fios dessa tecitura
Sagrada
São dourados os fios dessa tecitura
Profana
São dourados os fios dessa tecitura humana
Humana