Não vivo com palas nem que a vida me amordace

Nesta cela que me atrela senti nela o que me faz

Querê-la de sentinela até a querela virar paz

O que me sela aqui jaz

Ao ver que sou capaz

De fazer dela a minha selva no alcatrão

Com a palma sem a sina nesta mão

Com a alma assino o meu nome e já

Dou asas ao que me prende ao chão

Serão os astros que ditam o que eu sinto?

É por eles que me sigo

Tou a dar luz ao meu sítio

E a dar voz ao meu íntimo

Chega de lenga-lengas vejo o leque e não há vendas

Vou movendo letras até que vou vendo lemas

Na mesa tantos temas a ementa é só presas

Eu sei que nesta selva nos vamos tornar lendas


Olho aberto na selva

Vê o que não se revela

Pois, ou tás à mesa ou tás nela

Tás à mesa ou tás nela.

Olho aberto na selva

Vê o que não se revela

Pois, ou tás à mesa ou tás nela

Tás à mesa ou tás nela.

Olho aberto na selva

Vê o que não se revela

Pois, ou tás à mesa ou tás nela

Tás à mesa ou tás nela.

Olho aberto na selva

Vê o que não se revela

Pois, ou tás à mesa ou tás nela

Tás à mesa ou tás nela.


Aqui na selva a lei que vigora é a do mais forte.

Tudo o que é puro sujeita-se a levar corte.

Muitos perdem o rumo a tentar encontrar o norte,

E quem não tem amor à vida acaba por se dar à morte. Tipo,

É só um clique e some um tipo.

Não dá para haver deslize quando rola atrito,

E é de obriga, sempre que o tópico

De conversa é barras, todos falarem em código.

Não se emagrece na feza, o ganha-pão é carcaças,

E muita peça no chess anda a dar o cheque em casas.

Aqueles que é só conversa para caírem nas graças,

Quando o clima aquece, aparecem a passar pelas brasas.

Isto não é bullshit,

Nem são tiros para o ar, é mesmo acertar na muche.

O preço pago não é justo para quem arca com o custo,

Mas no final das contas não é mais do que um ajuste.