Passei por essa vida por trilhas e pântanos
Sem saber o que me espera quando o céu abrir pra mim
Deve ser isso que chamam de ""magia""
Essa colcha de retalhos
Mosaico da vida
Pinto paredes úmidas, ruínas
Onde marés fazem curvas e abandonam pergaminhos
Cama de areia onde deito e sinto o marasmo cobrir esse corpo sem pedir
Estou olhando pro céu a refletir que faz dias que ando sem mim
Espero o perdão dos anjos
Largado no confronto por culpá-los de enganos e acasos
A candeia na varanda afasta os monstros
Na mesa um sacrifício os instiga de longe
Meu coração é uma estrela polar
Meu corpo todo é uma constelação esquecida

Estrela polar
Dispersa no céu que paira sobre a calma do mar alto?

Iara:
Astro tão frio, de longe apagado
Marcas
Futuro presente na dor do passado
Asas
Trazendo e levando novos pensamentos
Casas subindo em muros que não têm cimento
Se a dor é concreta os vasos são de barro
Plantando amélias no lixo do bairro
Ouvi teu sussurro
Segura, me acho
Descanso em teu peito também já cansado
Não quero que fiques aqui do meu lado
Mas não parte agora que ainda tá claro
Só hoje meu corpo é a tua morada
Só hoje meu corpo foge da geada

Brilhando já morto ao deleite dos olhos
Rimando de novo os mesmos remorsos

Brilhando já morto ao deleite dos olhos