ESSÊNCIA
André Fernandes e Bruno Kohl

Feito retrato invisível
Disperso, perdido
Avanço nos ventos matinais

Trago o que estava comigo
Na alma, escondido
Sentido que não tinha mais

Esse perfume de Pinus
É o largo sorriso
Dos meus velhos pais

Toda memória de filho
Um registro vivo
De antigos natais

Sorvo de novo os amores
E um álbum de odores
Destila meus ais

Volto enfim há um dia
Que há tempos dormia
Como se cada aroma
Trouxesse à tona
A nota da minha canção

Lembro que o início da chuva
Levanta na rua
Um cheiro saudoso de chão

Feito um grão de destino
História é fluido
Desenho em pulmão

Em cada fruto e folha
Tem minha escolha
A perda e o perdão

Fôlego de ecos antigos
Exalam o mito
Da inspiração
Monto a imagem perfeita
Da minha essência