Quando os touros se apartam
Deixando rodeio e gado
Feijão do tarde é colhido,
O arroz já empalvado,
Pra rama faz-se a caseira
E o milho é debulhado
Quando os touros se apartam
Deixando rodeio e gado.

A geada vem alvejando
Quando se apartam os touros
Cordeiros nascem berrando
De longe parece choro
Remendo cordas cantando
Com rudes tentos de couro
A geada vem alvejando
Quando se apartam os touros.

Até as folhas desabitam
Os galhos de onde brotaram,
As flores mais favoritas
Com os ventos despencaram,
A natureza é bendita
Deu o fruto que nos criaram.

Quando os touros se apartam
Alvorotam-se os campeiros
Arando a terra pra o trigo
E apartando carneiros,
Levam bois pra os matadouros,
Das vacas tiram terneiros
Quando os touros se partam
Alvorotam-se os campeiros.

A abelha se agasalha
No toco que deu semente
Pelo mato junto lenha
Quando o sol pinta o poente
Para aquecer o inverno
Que gela o corpo da gente
Quando os touros se apartam
Renasce a fé nos descrentes.