Onde vocês tava em 2004
Quando eu comecei a fazer isso aqui
Não tinha estúdio na periferia
Cantava nas base de galeria

Tinha só 13 anos mas já sabia
Que não era fácil querer ser cantor
Sendo filho de mãe diarista
E de um pai bastardo que fez e largou

Não tinha celular, nem computador
Só caderno e caneta pra escrever
Expressar o sentimento e a dor
De as vezes não ter nem o que comer

O primeiro show foi num caminhão
Na boca do lixo, onde eu cresci
O público era os mano da favela
Que depositaram confiança em mim

Hoje tá facin, os mulek tem tudo
Beatype da net e home Studio
Não cresce porque tem o ego maior que o hype
Acha que eu sou sortudo

Nada que eu tenho brotou do nada
E o pouco que eu tenho ceis ainda inveja
Nunca levantou na vida uma enxada
Acha que constrói castelo com erva

Já cantei com Djonga no palco
Rimei junto com Emicida
Abri o show do Racionais
Mano isso aqui é minha vida

Peguei condução com Criolo
Também batalhei lá na Rinha
Se eu contar tudo que eu já fiz
Nem parece que eu vim lá do Varginha.

Meus amigos de infância se foram cedo
No crime, na droga e nos assalto
Da um aperto no peito só de lembrar
Já cantaram comigo no Palco

Esteja em paz Tadela e João
O Digão era calmo daquele jeito
O que os três que se foram vai ter em comum
É que era favelado e preto

Agradeço ao Rosalvo e o Jotabê
Ao Maxuel e ao Miltão
Que abriram a porta pra eu começar
Antes de ter grana pras gravação

O Ivan do Metrô, Apolo Pentágono
Foley e Cassiano Steady Crew
Foram vários manos que me ajudaram
Só quem tava lá no início viu.

Então MN, pensar que a rapaziada falou
Que nós não ia, fazer nada com Rap, que Rap não da dinheiro
Que não da camisa pra ninguém tá ligado?
Só que eles esquecem o seguinte, nós não tá nessa fita por dinheiro,
Nós tá por amor, por aqui JB na voz interior Zero Meia Sete.

Já são quase duas décadas fazendo essa parada
Rima forte e consciente passando pra molecada
Ensinamentos da cultura, o movimento que não para
E apesar do talento e perseverança o que recebi foi só porta na cara

Mas nada me abala, não mudou nada
Tô sempre focado na mesma bala
Com a voz do interior Zero Meia Sete
Fundão do MS somando com a GrajaHits, Jardim Varginha, BDL

Por falar na BDL saudades tenho de lá
Doss amigos de verdade que eu fiz por lá
Pulga Beat, mano Silas, também NK
Nos ensaios no barraco sempre tavam lá

O Ricardinho, o Lék e o Rick só no guaraná
E Zé povinho tudo brabo a nos criticar
Sempre torcendo contra, querem nos ver afundar
Tem cara que vira a cara, não vai com a nossa cara e até fica de cara

Porque nós mete marcha mesmo
E no progresso bota a cara
Infelizmente né, mas o que é, é,
Poder até tentar, mas nada abala a nossa fé

MN chamou pro feat, Panqueca trampou no beat
Então vou chegar trincando pra fazer o som vira hit.