COLAGEM: A nossa escravidao foi a mais longa,
a escravidao colonial que mais durou foi a nossa,
354 anos, pra cada 10 anos de Brasil, 7 ocorreram
sob o signo da escravidao...

A cada passo dado uma reflexao
O que fiz diferente para estar aqui?
Dos meus iguais quantos ja se foram?
Tendo feito de errado, muito menos do que fiz
E tipo um milagre estar vivo
Em tempos de guerra
Pele preta e pele morta
Aos 8 anos percebi o quao dificil
E fingir sorriso pra NAO se manter a mostra
Invisivel so pra nao perder rumo
Busca silenciosa do padrao
A depressao que ontem me levou ao fundo
Me fez perceber e que o mundo nao esta sao
Mas hoje entendo que eu nao estou sozinho
Os meus iguais tambem carregam os meus anseios
E a cada novo dia... sobreviva
Pra que assim o fim justifique os meios
Revolucao comeca com o ranger de dentes
Em tempos de guerra
A pele preta ainda e morta
Aos 35 percebi o quao dificil
E fingir sorriso para SE manter amostra
Enfrentando os meus medos
Pesadelos que eu tenho acordado
Pois eu sei que meus irmaos vao presos
Reconhecidos por um retrato falado...

COLAGEM: O 14 de maio, o dia seguinte a escravidao,
o dia ao fim da escravidao, e o dia mais longo do Brasil.
Voce encontra restos desse dia 14 de maio, nas esquinas,
nas favelas, nas prisoes.
Nao ha uma politica publica no dia seguinte,
pra aproveitar aqueles talentos que haviam construido o pais ate entao.

Sem reparacao, nos resistimos
Nos tamo pique quilombola
Tempos de guerra
Sangue por sangue
Odio retinto
Negro nao chora
Ao longo de seculos
Eles ensinaram a nos odiar
Arrancaram os meus
Da terra que um dia chamamos de lar
Porta do nao retorno
Saudade que mata
Banzo
O inferno e na terra
Aqui o diabo se veste de branco
Mas sou filho de reis e rainhas
Querendo de volta o que nos foi tomado
Desde o primeiro leilao
Em 1444
Se nao faz o que eu faco
Se nao tem minha cor, me escute
Se nao passa o que eu passo
Se nao sente minha dor, nao julgue
Em Pretos no Topo eu falava serio
Taca fogo na casa grande
Transicao de poder
Para que meus iguais se sintam gigantes.