Me lembro como se fosse ontem
Fantasmas do passado apontem, meus erros contem
Depois me contem rumores remotos remontem
Me aprontem mas por favor que não me desapontem

Eu como sempre sigo sem rumo
Com os dias de hoje não me acostumo, durmo no turno
De vez em quando sumo, desapareço e cresço
Presumo e assumo que volto do começo

Desentulho várias paradas, vasculho as empoeiradas
Com orgulho e alma lavada, mergulho em águas passadas
Tipo scuba diving, a memória staying
Alive e quem leva a glória é o pen drive

Eu sei que falta espaço pra tantas novidades
Mas que que eu faço com a saudade das antiguidades
Cada raridade marca um momento, trazendo
De volta os bons e velhos tempos

Orquestra rústica, acústica
Indigesta música em cada momento
De meus delírios, desequilíbrios
É o fluxo do som dos tempos

Orquestra rústica, acústica
Indigesta música por capricho
É o fluxo, é o fixo
É o luxo, é o lixo, é o bruxo, é o bicho

Era melhor antigamente
Mas de repente alguém vem te dizer o que virá pela frente
Nesse instante ainda penso como antes
Que o mais tardar dure o tempo bastante

Marquei até horário no psicólogo
Fiz meu monólogo e me pôs no catálogo
Segundo as previsões de que não há futuro, logo
Com um astrólogo não tenho diálogo

Em quanto isso na sala de espera, um tédio
Impacientes: o tempo é o melhor remédio
Num dia péssimo, um ancião pede um acréscimo
Uns saltam pro sucesso, outros saltam de um prédio

É difícil o início, o presente um precipício
O futuro um vício, tensos e apressados
Se esqueceram disso, por isso penso no passado
Porque muito já perderam os princípios

Orquestra rústica, acústica
Indigesta música por em cada momento
De meus delírios, desequilíbrios
É o fluxo do som dos tempos

Orquestra rústica, acústica
Indigesta música por capricho
É o fluxo, é o fixo
É o luxo, é o lixo, é o bruxo, é o bicho