Os Mansos do Arreio Chamamé

Há tempos que olhos de gatos rondam nossos campos
E furtam o que nós cuidamos com o zelo de poucos
A vida tá brava mas, terra paysano, devolve aos seus filhos
Que andam no rumo e apesar dos pesares não saem do trilho

Saber de um ciclo de campo não é bem assim
Cuidar os “nascido”, apartar, entourar, pastorear até o fim
Trompar ressolana, geada grongueira, só tendo tutano
Consome e basta olhar meu parceiro, pra um homem pampeano

Então quando a gente encontra a carcaça de um boi nos dói tanto
A gente não chora mas dentro remoe, egolindo o pranto
Mas o que hoje encontrei, tirava do prumo um taura campeiro
No fundão do potreiro carneados dois pingos, os mansos do arreio

Tamanha é a maldade nem dá pra lembrar! Meus pingos, parceiro!
Cavalos dos buenos, que eram de pechar touro em rodeio
De tantos perigos, de seios de laço, curando matreiros
E quantas rodadas bagualas saímos na perna do freio

Pra`o índio de honra que vive changueando, é o pior desaforo
Enxerga no roubo, o sustento do filho na boca do “zorro”
Por isso na lei de um pampeano, é que vive e se escora a razão
Ao contrário da pátria, não tem mais vergonha e defende o ladrão

Pro taura que nasceu no basto e conhece o perigo da aspa do touro
Reconhece um irmão, um amigo de pelo, um pingaço de estouro!
E na ronda dos campos defende a nação sem lhe darem o valor
Mas se apega aos bichos e descobre em si mesmo que faz por amor