(O assassinato de Marielle Franco comoveu e mobilizou os brasileiros)

(Uma voz contra todo tipo de desigualdade e injustiça calada violentamente)

(Ali eu vi que realmente a população negra, ela é tratada como inferior mesmo)

Seu Silvio passou fome
Seu Antônio passou fome
Foi assim que eu aprendi
O que é honrar o sobrenome

Dona Iolanda sempre firme
Aguentou coisa que cês não guenta
Imagina o que era uma branca casar
com um um preto nos anos 60

Dona Abigail, criou 3 filho no corre
Andando a pé, na chuva pra igreja, a esperança que nunca morre
Quando entrei pra universidade, pensei lá na minha cidade
Na felicidade do meu vô que morou em barraco sem laje

Meu coração é Minas, Barbasena, Senzala
É forte, corajoso, blindado pra falsa pala
Então repara, que a vida me empurrou
Não aprendi nada com a elite, foi o povo que me ensinou

Hoje eu matei o senhor de engenho
E o desgraçado que por telefone
Negou emprego pro meu vô
Dizendo que lugar de preto era passando fome

Eu vim de lá, do Cantão, da Fazenda da Barra,
Com muito orgulho de ter andado nas rua de terra
Com muito orgulho de ter visto pobre andando de carro
De ter aprendido o que é desigualdade na marra

E não adianta só fazer o jogo virar
Quero que os meus ganhem como jogador de futebol
Pq quando a barriga tá cheia, geladeira tá cheia

Fica mais fácil recusar comida do anzol
Lutar por um mundo mais igual, utopia
Desculpa de merda pra justificar tal apatia
A luta continua e eu nunca seria
Sem meu povo, nada disso existiria

(Se você não é racista, não se preocupe, se você é racista, pode se preocupar sempre que estiver na minha presença, que eu sempre vou pesar sua lombra, entendeu?)