Assim como um velho tropeiro
que gastou poncho e esporas
pastoreando vida e tropa
por estradas e varzedos
com galhardia e com zelo...
também, o tropeador de sonhos
que se esmerou semeando
esperanças no povoado...
plantando ali, o legado,
de sempre tropear cantando.

feito um sinuelo no seu santo pago
de um olhar sereno e jeito cativante
o tropeador, foi espraiando ideias
repontando sonhos, sua voz, um berrante.

e foi assim, no seu ofício de tropeiro
beirando a estrada onde sempre tropeou
que o tropeador já mirando a luz pago
levou um pealo... e ali desencilhou.

êra, êra... o tropeiro tombou
desencilhou sonhos e partiu,
deixou o povoado acabrunhado
e sonhos por sonhar que ninguém pariu.

o tropeador conquistou fama e respeito,
tinha o tino de trançador de laço:
paciencioso, exemplo de humildade
para trançar sonhos na força do abraço.


gente e mais gente com olhar cristalizado
como um clamor pelo senhor das tropeadas,
criança feliz, pelos louros já colhidos,
corações sentidos, querência enlutada.

êra, êra... o tropeiro tombou