Meus mates não são os mesmos
Desde que vim lá de fora,
Sou um peão campeiro que, agora,
Me sinto triste e vencido;
Só me “sobrou” um arrabalde,
Depois de anos de lida,
Pra esperar o fim da vida,
Entre estranhos, esquecido.

Sorte que o campo é parceiro,
Amigo e tem sentimentos,
Digo isso já faz tempo,
Porque sinto que é assim,
Pois por anos morei nele
E quando vim pra cidade,
O campo virou saudade,
Pra morar dentro de mim.

NÃO TENHO, NEM NUNCA TIVE,
LÁ FORA, UM PALMO DE CHÃO,
NUNCA CHEGOU EM MINHAS MÃOS
TANTA RIQUEZA E FARTURA,
MAS TENHO AMOR PELA TERRA...
E TENHO TODO UM RINCÃO
GUARDADO EM MEU CORAÇÃO,
SEM PRECISAR DE ESCRITURA.

Nem as noites nos separam
Porque, em sonhos, sinto a alma
Galopar em várzeas calmas
E a natureza a cuidá-la,
Eu sei que ela vai pra lá
Mas sem saber, no entanto,
Se eu a levo pro campo,
Ou o campo é que vem buscá-la.

Como medir esse apego
Entre o campo e um campeiro,
Que por forte e verdadeiro
Vence o tempo e a distância,
E quantos velhos, assim,
Feito eu contra a vontade,
Nessas beiras de cidades,
Vão vivendo de lembranças?