Olho pra trás
Quanta coisa mudou
Vendo o que me tornei
Quanto tempo passou
Agora percebo
Não foi em vão

Frequento Ágoras
Estudos sociais
Geração online
Com views demais
Biblioteca de Alexandria
Nero só queimou Roma
Pois não tinha amor e poesia
Amor e poesia

No topo do monte
Contemplo onde estou
Mentiras que direi
Que o vento levou
Planos que já mudei
Quanto tempo passou

Dentro do submundo
Caráter submerge
Tentando vender migalhas
Como se eu não soubesse
O esforço que se paga
Com o suor que se desce
Do bóia fria que cai
Do parapeito do prédio
A morte afasta a dor
Pra mente um remédio

Classe média
Sociedade de sábios
Anciã da família
Oitenta anos de vida
Nunca trocou de vizinha
Nem planejou sua cozinha
Seguindo a risca a vida
Como poesia
Como poesia

Tenho defeitos que me fazem humano
Vícios, medo, paixões
Sonhos
Nem sempre faço a melhor escolha
Nem sempre faço a escolha certa
Mas
A vida é feita de portas
Nem todas vão estar abertas
Abra o seu caminho independente de onde esteja
Faça com fé
Mesmo não tendo certeza
Não se sinta idiota por ir contra a correnteza
A rebeldia do ser humano
Faz parte da sua própria natureza
Natureza.