Derrubei cada parede que cegava,
Fiz dos muros pedra e pó nos seus escombros;
Pus em cacos os espelhos que enganavam
E as angústias que pesavam sobre os ombros.

Pelo chão ficaram restos de fantasmas,
Preconceitos de trabalho, crença e cor;
Fiz fumaça da desgraça que sangrava
E semeava o fruto vil do desamor.

Foi assim que cada chaga eu revisei,
Destruindo, mas com alma de poesia;
O martelo mais pesado que encontrei
Eu joguei no vidro ruim da homofobia!

Derreti a intolerância, o mal maior,
Retalhei hipocrisias, mesmo só;
Pois somente pode haver mundo melhor
Se as sementes da opressão virarem pó!

Que evapore tudo aquilo que é veneno,
Que se arranque cada fio de erva daninha;
Este mundo, mesmo grande, é tão pequeno,
Se afogando nas loucuras tão mesquinhas.

Sobre o pó de todo mal que já existiu
Uma flor se ofertará plena de vida...
Flor do mundo bem melhor que já se viu,
Abraçando a humanidade renascida!