Movimento análogo ao Kyrie, o Agnus Dei apresenta muitas semelhanças, mas também grandes diferenças frente ao primeiro. Exibe a forma A B A', novamente no tom de Dó menor em compasso quarternário lento. Em termos de dinâmica, diferente do Kyrie, há um contínuo e gradual crescendo em todo o movimento. O Agnus Dei caracteriza-se também pela utilização de acordes mais tensos. É um Adagio que apresenta o texto Agnus Dei duas vezes em cada naipe. O tema começa com a melodia descendente da quinta à tônica, que é tratado polifonicamente, na mesma sequência do Kyrie, começando por Contraltos, em seguida Mezzos e por último Sopranos. A primeira exposição é muito ampla, estendendo-se por 12 compassos, seguidos do miserere nobis, que conclui a parte A. Novo Agnus Dei é entoado homofonicamente durante apenas quatro compassos, que constituem a parte B. Em seguida, voltando ao tema melódico inicial, entoa-se o dona nobis pacem, apresentado primeiro pelo Mezzo, depois envolvendo Soprano e Contralto, primeiramente cada um com melodia própria. A seguir, repetindo em uníssono o tema descendente inicial, é apresentada a expressiva coda entremeada por um rico contraponto melódico e rítmico executado pelos Mezzos, culminando numa brilhante cadência perfeita a 6 vozes com o acorde da dominante sol, com sétima e nona sobre um pedal da nota dó sustentado pelas Contraltos, para a tônica de Dó Maior.

Interessante observar que, dos seis movimentos, quatro deles terminam em uníssono. Roberto Duarte, em seu livro Villa-Lobos errou?, às páginas 88 e 89 comenta: ""apesar de mestre na harmonia, tradicional e também contemporânea, é muito curioso observar o fato de que, na maioria das composições de Villa-Lobos, incluindo movimentos de sinfonias, concertos e suítes, o uníssono está presente em cerca de 80% a 90% dos finais. E muitíssimas vezes este uníssono é com a nota Dó"". Esse fato também se aplica à presente obra, onde se podem observar muitos uníssonos e linhas paralelas, passando a convergentes, encontrando-se na nota Dó, e onde também a obra toda se encerra num majestoso acorde de Dó Maior.


Villa-Lobos foi também autor de numerosas músicas sacras de menor porte. No presente CD contemplamos ainda duas obras, extraídas da coletânea Música Sacra do compositor, editada pela Irmãos Vitale.

AGNUS DEI
Akin to the Kyrie movement, Agnus Dei has many similarities but also some major differences. It is written in ‘ABA’ form, once more in the key of C minor in a slow quadruple meter. Differing from the Kyrie in terms of dynamics, there is a continuous and gradual crescendo throughout the movement. The Agnus Dei is also characterized by the use of tenser chords. It is an Adagio, which presents the Agnus Dei text twice in each voice. The theme begins with a descending melody from the fifth to the tonic, which is treated polyphonically in the same sequence as the Kyrie, starting with the altos, then mezzos, and finally sopranos. The first exposition is very large, extending over 12 bars, followed by miserere nobis, which concludes Part A. A new Agnus Dei is presented in homophonic harmony during four measures only, which constitute part B. Next, returning to the original melodic theme, dona nobis pacem is sung, presented first in the mezzo voice and subsequently involving alto and soprano, each with its own melody. Then, repeating the initial descending theme in unison, an expressive coda, interspersed with rich melodic and rhythmic counterpoint performed by the mezzos, culminates in a brilliant, perfect 6-voice cadence from a dominant G chord, with the seventh and ninth, built on a C ‘pedal’ sustained by the altos, to the tonic C major.

It is interesting to observe that four out of the six movements end in unison. Roberto Duarte comments in his book Villa-Lobos errou? (Was Villa-Lobos wrong?), on pages 88 and 89: ""Despite the fact that he was a master in both traditional and contemporary harmony, it is interesting to note that in most of Villa-Lobos’ compositions, including the symphony movements, concerts and suites, the unison is found in roughly 80% to 90% of the endings. And this unison is very often achieved with the C note.” This fact also applies to the present work, where we can observe many unison and parallel lines which become convergent, meeting on the note C, and where you can also see the complete work ending in a majestic chord of C major.

Villa-Lobos was also the author of numerous smaller works of sacred music. In this CD we also hear two of these smaller works, drawn from the collection of Sacred Music by this composer, edited by Irmãos Vitale.