[Beradêro]
Um arremedo de si próprio
Num fim de festa
Um equinócio
Na fissura dos meus olhos
O que é que eu tô fazendo aqui?

Com uma vida pra ganhar
Eu largando em desvantagem
Me iludindo com as miragens
Pra esquecer de tempos mórbidos
Homens tão sórdidos
Me vendem a graça e a desgraça
Parcelando até minh'alma
Pra um dia eu desistir

Se eu não fizesse esse teste
Não seria nem um homem
Eu tenho sede
Eu tenho fome
Eu tenho pressa
Não me enrole
Eu preciso acordar para aprender a dormir

Você me pede pra ficar só mais um pouco
Sou tão jovem, sou tão moço
Que eu preciso resistir
A onda é forte
Então vai girando tudo
Vai ficando tudo escuro
Não aguento mais sorrir

A boca seca
Vejo a vida pelas frestas
Entre as luzes dessa festa
O preciso dormir
Eu preciso só dormir

As vozes, os tetos, os pés, os restos…
Os beijos, suores, os risos, os gestos…
Me sinto um estranho
Olhares de espanto
O sal na minha língua não me deixa dormir
O que é que eu tô fazendo aqui?

[Mahal Reis]
BNB mundialmente
Namoro a vida como último suspiro
Me entrego integro
Amo mulheres
Seus vestígios e vestidos
Despertam-me remígios vívidos
Íntimos e intensivos
Passeio no seio dos predictos
Ensinos em fundos

Quero ter muitos filhos
Pra me ver refletido pra sempre
Tal águas mornas, camas e o sol poente
Ver o brilho estendido da minha gente
Aqueles me identifico
Dos ramos frutos as sementes

Essa vida surpreende
Uma montanha russa de emoções
Uma hora no topo da aurora
Outrora profundas depressões da alma
Um dia de cada vez com calma
Como quem trafega nas enseadas das calçadas

Máximo sobrevivente
Cinco estrelas na patente
Minha pauta é condecorada
Sou soldado de volta
Intifada, insurgente
Ponho fogo na Babi por minha gente
Elegante, militante, indivisível
Coletivo tal ônibus ou trem
Investigativo, inquisitivo
Persecutivo, realístico, intrínseco
Dissecador do místico e do verossímil