Eu era um fedelho


Dono de uma caixa de segredos entalados na garganta


Eu projetei silhuetas de fantasmas na madrugada, em silêncio


Ou no rádio e televisão



Amava em segredo


Aquele que não sabia que eu calava em silêncio


No dia que eu contasse acordaria com medo


De não ter noites para sonhar


O amor era o desejo


Da parte que me fazia falta e não cabia aqui dentro


Preferia só te ver passar, tão perto


Seriam os primeiros... amores sem nome ou forma,


Rosto ou pátria, destino ou endereço


Só no rádio ou televisão

Amava em silêncio


Aquele que não sabia que eu guardava em segredo


Porque se eu contasse o sonho viraria pesadelo


Por não ter mais com o que sonhar


Tudo estava no seu lugar


Não podia te alcançar


Um fedelho só sabe amar


Sem medidas e sem pesar