. REMORSO

Hoje chegou o dia que eu sabia chegaria,
e judia o coração.
Quando avistei, lá na sala, arrumada a tua mala
já no rumo da estação.

Eu bem sei que sendo pai, que um filho um dia vai
fazer o mesmo que eu fiz.
Segue a buscar seu futuro, ter um emprego seguro,
ter um lar e ser feliz.

Dou meu conselho de pai: vai, meu filho, vai,
leva de mim meu abraço.
Sê feliz lá na cidade, sobrará em mim saudade,
e me faltará um pedaço.

Mas um remorso me dói, a minha alma corrói
e meu peito se contrai.
É lembrar que fui um filho que pouco voltou no trilho,
pra visitar o seu pai.

Não me peça pra sorrir no momento de partir,
tu vais ferir o meu peito.
Vou aguardar aqui na porta, esperando tua volta,
na saudade dou um jeito.

Quando um dia retornares para o teu antigo lar,
vais deixar minh’alma aflita.
Imagino, ao te rever, vou de novo padecer,
pois eu sei que é só visita.

É por isso que eu canto e derramo este meu pranto
na hora da despedida.
Para os pais posso dizer que esse nosso sofrer
faz parte da nossa vida.