. APASCENTANDO SILÊNCIOS

Quando silêncios eu apascento,
me quedo quieto pra matear.
Sorvo despacito os pensamentos,
me adentro pra camperear.

Vou, ao passo, pro fundo de mim
pra alcançar o último posto.
Quebro geada branca no capim,
mas o frio não me traz desgosto.

Não me entrego a um lamento
e o pensamento elevo a Deus.
Sei que a vida nos pede ao menos
amor e coragem pra legar aos seus.

Não se choram ilusões perdidas,
pois são os sonhos que importam.
Buscá-los, com a tenência devida,
traz recompensas que nos confortam.

Me faltam posses e algum dinheiro,
mas sobram razões de orgulho.
Se não lutei feito um lanceiro,
cumpri meu dever por ser mangrulho.

Sempre se deve, em nossa vida,
plantar de flores nosso caminho,
quem ao mate a todos convida,
não terá, na estrada, que andar sozinho.

Quando sorver o mate de estribo
e meu sonho tiver que deixar,
na Estância do Patrão Celeste
de posteiro peço um lugar