À DONA MOEMA BENZEDEIRA

A benzedeira é doutora
Cura, cura com pele de rã.
Se não curou até agora
Espera até amanhã.

Cruza léguas de a pé
Até o fundão do campo.
Com o malho da sua fé,
ela quebra o quebranto

Santificadas suas mãos
que imposta por Jesus
La pucha, eu vejo o clarão
que ela tem no sinal da cruz

Com vela e cruz de sal,
Benze, com a força da prece,
o mais medonho temporal,
que, al pedo, desaparece.

Cura males de cobreiro
e dor de dente “inchado”.
Com seu dom curandeiro,
afasta até o mau-olhado

Todos os dias da semana.
Dona Moema dava benção
Só folgava no domingo
sem cobrar nem um tostão

É um preito o meu poema
à santa que tornou ao pó,
Conheci bem Dona Moema,
pois ela era a minha vó.