Setecentos milhões de chineses
E eu, e eu, e eu
Com minha vida, minha pequena casa
Minha dor de cabeça, minha dor no fígado
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Oitenta milhões de indonésios
E eu, e eu, e eu
Com meu carro e meu cachorro
Seu Canigou quando ele late
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Três ou quatrocentos milhões de negros
E eu, e eu, e eu
Que vou ao polidor
No sauna para perder peso
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Trezentos milhões de soviéticos
E eu, e eu, e eu
Com minhas manias e meus tiques
Na minha pequena cama de penas de ganso
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Cinquenta milhões de pessoas imperfeitas
E eu, e eu, e eu
Que assisto Catherine Langeais
Na televisão em casa
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Novecentos milhões de famintos
E eu, e eu, e eu
Com minha dieta vegetariana
E todo o whisky que eu bebo
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Quinhentos milhões de sul-americanos
E eu, e eu, e eu
Estou completamente nu no meu banho
Com uma garota que me limpa
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Cinquenta milhões de vietnamitas
E eu, e eu, e eu
No domingo, caçando coelhos
Com minha espingarda, eu sou o rei
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida

Quinhentos bilhões de pequenos marcianos
E eu, e eu, e eu
Como um idiota parisiense
Esperando meu cheque no final do mês
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida
Eu penso nisso e depois esqueço
É a vida, é a vida
Eu penso nisso e depois esqueço

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