Do lado de cá os moleque tão metendo bala
Sangue nos olhos na febre mandando o rival pra vala
Me fala, sobre o seu mundo ilusório
Onde eu não enxergo isso, e vejo só velório
Eu vejo guerra, vejo sangue, desespero, eu vejo lágrima
Mas não vejo a esperança, de virar a página.
Infância destruída pelo cheiro da pólvora.
A maldade no coração, pouco a pouco se aflora.
Daqui a pouco tá com 38 enquadrando senhora.
Passa a bolsa v**** se não tu morra agora
E a mãe desesperada de joelho no chão
Fazendo a oração pro filho não volta dentro de um caixão
Ou no camburão com destino ao presídio
E ser condeno á 20 após o latrocínio
Homem é preso, por cometer pedofilia
Pai é acusado de assassinar a própria filha
Câmeras flagram mãe abandonando criança
Qual será a distância que a maldade humana ainda alcança?
Sociedade exclui, enquanto o crime inclui
A ausência de pai, nada substitui
Vai piorando a situação com o passar do tempo
Enquanto e ambição falar mais alto que o sentimento
Haverá ódio, haverá treta, haverá guerra
Haverá sangue dos nossos, regando o chão de terra
O crime é o crime né, não tem massagem não
Quem vai já sabe e o final padre abençoa no caixão
E o engraçado, é que o oitão nunca trava
Quando está engatilhado e apontado no meio da cara
Realidade incomoda, por ser pesada
Cansei de ver corpo alvejado, e mãe desesperada
Se pra escrever RAP for preciso sangrar
Vou até a última gota que o coração bombear

E se eu chorar prometo que não vai descer lágrimas
Porque o passado me dói, mas o futuro me abraça
Um aperto de mão, um abraço do irmão
Proceder é sofrido mas vou vencer no mundão

E se eu chorar prometo que não vai descer lágrimas
Porque o passado me dói, mas o futuro me abraça
Um aperto de mão, um abraço do irmão
Proceder é sofrido mas vou vencer no mundão

Se é pra enquadrar a favela eu vou de bic na mão
Se é pra prender a favela que seja um livro do bom
Porque aqui na favela é a palavra mais dita
Do opressor, oprimir, destruir uma vida
Sinceramente a minha missão aqui é o resgate
Pra nunca mais me deparar com sangue na cidade
Tirar aquele moleque de dez que tá no crime
Trazer meu pro meu lado e dar a dez do meu time
Jogar junto lado a lado, tipo Bebeto e Romário
E mostrar pro sistema que 7 a 0 foi fácil
Enquanto meus pulmões tiver um pouco de ar
Pode ter certeza que a minha voz sempre vai ecoar
Então eu arranquei de dentro de mim, o RAP
Pra arrancar de dentro do crime, o pivete
Mostrar pra burguesia que o neguim ali venceu
Sem portar a pistola que você mesmo lhe deu
E a noite vai chegando e o silêncio da calada
E as más notícias sempre chegam véi na madrugada
Mas dessa vez não vai ter chora, lágrima e nem dor
Só o descanso merecido do trabalhador
Pra no dia seguinte ir atrás de mais vitória
O almejado erra ao lado, nunca bate a porta
Então favela vai á luta sempre pelo certo
Cabeça erguida, andar pra frente, é o que eu espero
Vamos deixar crescer o bem que tem em você
Destruir esse mal que sempre tenta te vencer
Buscar diariamente a paz interior
Tirar os espinhos e entregar uma linda flor

E se eu chorar prometo que não vai descer lágrimas
Porque o passado me dói, mas o futuro me abraça
Um aperto de mão, um abraço do irmão
Proceder é sofrido mas vou vencer no mundão

E se eu chorar prometo que não vai descer lágrimas
Porque o passado me dói, mas o futuro me abraça
Um aperto de mão, um abraço do irmão
Proceder é sofrido mas vou vencer no mundão