Lá atrás eu era o gajo de Eastpack posta a tiracolo
A passear de polo só para lhe poder subir a gola
A mão no bolso sempre acompanhada de uma ponta e mola
A achar que ia furar alguém mas só furei a camisola
Eu andava sem tino até sentir no tímpano a tarola
O tempo era investido num PC que era a minha consola
Achava que era a profissão do papi com a sua pistola
O que hoje em dia iria garantir o meu lugar ao sol
A mommy escolheu mal agora canta a solo
Eu tive que evitá-lo embora pai há só um
Perdi aquele embalo de quem leva ao colo
Agora tou no Vale e vou explorá-lo até chegar ao cume
E suei pra ter a bengala e cartola
No intervalo o que sobra de tempo apostei nesta obra
Agora até se cobra o talento, e abri mais que uma porta
E embora vá pra fora eu tou sempre certo de onde eu sou

Já sabia que eles duvidavam do que eu faria mas dá-me igual
Lá na zona aquele que se ria na minha cara até bateu mal
Desde o inicio que o compromisso era comigo: O Último Mortal
Mais um filho para honrar o sítio, faz continência aos PUROS DO VALE
[REFRÃO]

Eu fui abolindo as amarras tipo Lincoln
Com metas traçadas de forma a dobrar o income
Tornei-me um icone na minha sitcom
Vi caras ficar amareladas tipo Bart Simpson
Mostram-me a Exit mas não levo mal
Ainda não sabemos lidar bem com o êxito local
Faz-me assumir que foi a falta desse apoio fulcral
Que teve na génese do que chamam de êxodo rural
Mas não perdi a moral, sei que ainda vou tar num mural um dia
Tipo a lenda de S. Martinho mas escrita em poesia
Que eu sou da terra abençoada onde há bolos de amor
A sopa seca é açucarada e o cálice é Casal Garcia
Sobe ao Sameiro e vê a city desde a acrópole
O sitio que fez os homens que erigiram a metrópole
Eu sou um autóctone, fiel a Pena, à rua e ao bloco que me
Formou como homem por isso é que hoje em dia eu amo-te!

[REFRÃO]

Tens mais é que fazer puto
Esta é para todos os que fazem acontecer fora das grandes cidades e falam com orgulho das suas origens
Eu sempre que saio de casa volto a lembrar-me do sítio onde sou mais feliz (Penafiel)
Então tu nunca vires a cara à zona onde cresceste seja ela uma vila, uma aldeia ou um bairro, ainda que por vezes sintas que lá já não és bem vindo.
Dá tempo ao tempo.