Eu tô cansado desse som urbano, é muito transito e poluição
Peito apertado fiquei sem lugar, bateu saudade lá do meu sertão
Peguei as coisas coloquei na mala, peguei o carro e fui viajar
Pelo caminho eu fui relembrando, toda riqueza desse meu lugar
Pra desespero na minha chegada não encontrei a porteira fechada
Nem vi poeira na estradinha nossa, porque o asfalto já chegou na roça


Trouxe com ele tanta melhoria
Chuveiro elétrico, água quente e fria
E um maquinário de fazer café ligado na tomada
Levou com ele minha alegria
Tô remoendo o que vovô dizia


Que um dia eu ia ver o fogão de lenha aposentado
Na geladeira é que se guarda o alimento
Não tem carne conservada na panela de gordura
Não tem linguiça, nem toucinho pendurado
Pra ficar bem defumado, como minha mãe fazia

Virou relíquia tudo que a gente usava
Carro de boi agora é decoração
Agora veja a ironia do destino
Mesmo na roça da saudade do sertão

Nosso moinho tá desativado, não tem mais milho pra fazer fubá
Nosso pilão não tem utilidade, arroz plastificado não tem que socar
Depois de fazer as obrigações, no fim da tarde a gente ia brincar
Com euforia na boca-da-noite chamava os cachorros para ir caçar
O Juvenal fazia as armadilhas e o tio Ziquinha era o caçador
Meu pai um sábio na simplicidade, meu filho veja o progresso chegou