[Verso 1]
Eu já não posso parar
Vendo corpos de filmes a empilhar
Eu sou o real do underground, eu vou te falar
Vai acreditar na história de MC e aqueles blá, blá, blá
Tô cheio de ódio, não precisa acreditar em mim
Quase tudo na minha vida fiz sozinho

[Verso 2]
Rasgando, metralhando o verso
Perambulando, não conexo
Falando bem complexo
A história de afeto que eu tenho
Eu não sou mistério, mas sua cara eu ainda lembro
Da raiva que guardo no peito

[Refrão]
Eu quero ser livre, mas liberdade tem um preço
Não satisfeito, mato meus defeitos que são muitos
Continuo tentando respirar em ar rarefeito
Espero que minha vida chegue antes da minha morte
O meu lado você não quer que eu te mostre
A morte persegue quem não se move
Tô movimentando pra caralho
Sentindo sufocado pra caralho
Fazendo estrago com quantos tragos
Eu preciso te mostrar que cria do RJ é rataria pra caralho

[Verso 3]
O inferno tá vazio, todos os demônios tão aqui
Fazendo churrasco, me querendo fazer ir
É tanta crueldade que nem nessa idade
Eu sei como sobrevivi
Filho das ruas, de sangue já tô cheio
Enquanto esses perfeitos governos
Cheios de defeitos arrumam problemas
Escondendo seu preconceito
E meu mano se mata no seu 6x1

[Refrão]
Trazendo à tona todo movimento underground
Viver a vida antes que a morte chegue primeiro
Procurando algum meio de ajudar a minha rainha
Mas buscando sentidos da vida
Traçando na correria, ela não parou
Mesmo sem sabedoria, eu cheguei aqui
No traço traçado, buscando espaço
Morrendo compasso, me perco no afago
Mágoas no laço, canto sem voz
A verdade que já desatou os nós
De Arthur Verocai a Hitchcock
Alguém me diz, já me perdi no bosque
Buscando ouro na garganta que só mata sede

[Ponte]
Esse não é um lembrete
Na fachada da minha casa tem uma porção de caguete
Eu me mato
Mato todo dia
Cada versão minha
Mato uma por dia
Cheirando a cachorro ou naftalina
Queimo os corpos e taco gasolina

[Verso 4]
Saudade do passado tenho sim
E fé no futuro tô querendo
Buscando traço, tô no veneno
É só esperar e ver pra onde tá o vento
O vento gelado que sopra no ar
Na moita triste que o orvalho para
Demônios da garoa que me faz lembrar
Que é o rap, é o movimento
E movimento não pode parar